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Adolescência Bieber

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Justin Drew Bieber ou apenas Justin Bieber como é mais conhecido, é o astro teen que tornou-se mundialmente conhecido quase que “por acaso” depois de criar uma conta no youtube para enviar seus vídeos para parentes e amigos que moravam distantes,  foi descoberto pelo empresário  Scooter Braun.  Nascido no dia 1 de março de 1994, agora então com 20 anos, Bieber encontra-se na fase culturalmente construída e denominada como pós-adolescência. Junto com mais de 6,4 milhões de downloads vendidos, 160 indicações de prêmios da música internacional, onde arrastou mais 110 vitórias e dono de uma fortuna avaliada em aproximadamente R$  110 milhões, Bieber também leva o título de um dos adolescentes que mais coleciona polêmicas no mundo das celebridades.
Vários sites tiveram como tema de pauta as confusões e polêmicas que Justin protagonizou. Só pra elencar algumas, vamos citar as cometidas aqui no Brasil. Em sua última visita ao país em novembro de 2013. Após levar uma garrafada em cima do palco, Justin abandona o evento deixando os fãs aos prantos;  teve um vídeo seu publicado no youtube que em menos de dois dias teve mais dois milhões de visualizações, onde encontra-se quase sem roupas ao lado da modelo carioca Tati Neves em uma festa no Rio de Janeiro e ainda no Rio foi autuado em flagrante pichando o muro de um hotel.
Mas, a nossa pauta não se trata apenas de falar sobre as coisas que Justin Bieber anda aprontando por aí. Na verdade a ideia de falar sobre esses atos me veio ao ler uma matéria publicada na revista Contigo, onde o redator apresenta o seguinte texto de manchete sobre o astro e sua passagem no Brasil:
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“Ele tem apenas 19 anos, mas já azucrina como um bom roqueiro adulto.  [...] em sua maior parte, atos de rebeldia pós-adolescente de um milionário popstar. ”
Através desse pequeno fragmento surgiram-me inquietações sobre as colocações feitas pelo redator a respeito de Justin e a configuração de seus atos. Esse trecho citado apesar de curto é cheio de significados implícitos que para quem gosta de psicanálise e no mínimo já leu o livro Adolescência de Condarto Calligares (Folha) tem alguma ideia do que tô falando.
A adolescência como a conhecemos é uma fase culturalmente construída.  Em seu livro Adolescência: história e política do conceito na psicanálise  (All Books) o autor Tiago Matheus no primeiro capítulo nos da uma dimensão mais precisa dessa conotação sociocultural da adolescência. E de certa forma como se deu esta construção ao longo das eras.
“A ideia de adolescência que se formou durante o século XIX é fruto do processo de subjetivação e construção do indivíduo, pilar de sustentação do Estado moderno. A crise da adolescência se anuncia como um corolário deste processo, condição para a formação deste indivíduo, herdeiro do ideário iluminista.” Pág. 31
No fragmento acima, vemos uma pista de como o conceito de adolescência que temos hoje surgiu, e em qual período se deu.  Dois autores americanos e adolescentes Alex e Brett Harris, dedicaram alguns anos de suas vidas para “Radicalizar” com a construção cultural que se tem atualmente da adolescência . E ‘Radicalize’ é o nome do livro que essa pesquisa deu origem (Mundo Cristão). No capítulo 3 de seu livro que tem por título ‘O mito da adolescência’ citam uma definição interessante e basal para suas afirmações, extraída do livro de etimologia America in so many words [Os Estados Unidos em tantas palavras] vejamos:
http://veja.abril.com.br
“Na primeira parte do século XX, fizemos uma descoberta surpreendente: havia adolescente entre  nós! Até então, só conseguíamos pensar em pessoas que se encaixassem em apenas duas categorias: crianças e adultos. E ainda que a infância pudesse proporcionar seus momentos agradáveis, o objetivo da criança era crescer tão rápido quanto possível para aproveitar as oportunidades de assumir as responsabilidades de um adulto. A menina se transformava em mulher; o menino, em homem. Era assim, simples e significativo [...]
[Contudo,] as reformas do início do século XX, impediram o trabalho infantil e determinando por lei que as crianças permanecessem na escola até o fim do Ensino Médio, ampliaram a extensão dos anos que precediam a vida adulta. Antes, uma pessoa que alcançasse o tamanho de uma pessoa adulta aos treze ou catorze anos estava pronta para realizar o trabalho de um adulto. Agora, mesmo chegando à estatura de um adulto nessa faixa de idade, a preparação para ela assumir as responsabilidades de um adulto só começa quando completa dezoito anos ou mais.
Por essa razão, os anos da adolescência se tornaram uma novidade, uma espécie de distinção [...]Os adolescentes remodelaram nossa mundo. Esse conceito é [...] subversivo: por que uma adolescente que esta aproveitando a liberdade deveria se submeter à autoridade dos adultos? Com a chegada dessa nova era, o século XX se transformou desde então, no século do adolescente.”

http://media.uccdn.com
Toda essa nossa ‘viajem’ inicial é para contextualizar você leitor no pronto de discussão que quero propor.Voltando a Justin Bieber, quando a revista Contigo diz que ele já “azucrina como um roqueiro adulto” vemos que existem caracteres para tal “classificação”. Existe enquadre. O autor afirma que há uma limitação entre a idade de Justin e seus atos. É como se dissesse “Os atitudes que ele toma não são de um garoto de apenas 19 anos, porque garotos de 19 anos não têm capacidade para tal. Mas um roqueiro adulto sim.”
 Voltando à história vemos que garotos de 19 anos, ou até mesmo bem menos, faziam coisas e exerciam funções que hoje são encarregadas a pessoas de no mínimo 30 anos. Querem ver alguns exemplos?Ainda no livro dos irmãos Harris, eles citam  histórias de adolescente que literalmente mudaram o mundo em que viviam e através de seu legado deixaram marcas cruciais na nossa atualidade. Você com certeza já ouviu falar que o primeiro presidente dos Estados Unidos foi George Washington, mas o que poucos sabem é que a promissora carreira dele, rumo ao senado americano começou quando tinha apenas dezessete anos, quando foi chamado para ser pesquisador oficial do condado de Culpeper, Vírginia. Com a tarefa de registrar territórios que ainda não haviam sido devidamente mapeados, tarefa muito difícil por sinal. E que o primeiro almirante da marinha americana e herói da guerra civil, David Farragut , começou sua carreira aos doze anos, como comandante de um navio que fora capturado em batalha e enviado com uma tripulação para levar o barco e os marinheiros de volta aos Estados Unidos. E por que não citar a fundadora da Cruz Vermelha dos Estados Unidos, Clara Barton que começou a exercer sua função de enfermeira oficialmente aos catorze anos!
Hoje em dia fala-se tanto em evolução e olha-se com tanto desdém para o passado, mas na verdade o que vermos é que no caso da adolescência, o regresso está na atualidade e o progresso ficou no passado. Saí afirmando por aí que adolescente não pode isso, e não pode aquilo, porque não tem capacidade é uma mera construção social e a história está aí para escancara essa verdade. E sinceramente envergonhar os ‘avanços’ do século XXI.

Por: Yara Patrícia e Elitânia Silva


3 Comentários:

Unknown disse...

Primeiramente gostaria de parabenizar as meninas pelo excelente texto. Ficou bem claro que a adolescência é algo construído culturalmente e que essa dita "rebeldia" é expressada das mais diversas formas. Acredito que esse seja um dos temas que mais me agustia (haha) fui uma adolescente bem rebelde e consecutivamente tenho medo de quando a hora do meu filho chegar. Eu sempre me lembro da professora Patricia citando a música interpretada por Elis Regina "Apesar de temos feito tudo que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pai". O fato é que não existe receita pronta pala lidar com um adolescente, ou outra pessoa de qualquer idade, mas assim como aprendemos na aula, a base pode ser que seja o acordo.

Unknown disse...

Como colocado no texto à adolescência é da ordem da construção;como colocado também durante nossas aulas é uma invenção,é o jeito que adotamos para viver nossa puberdade.Ser adolescente ao contrário do que se pensa não é nada fácil tanto para o próprio como para a família, é necessário que haja uma despedida do espeço infantil e buscar se reencontrar em outros espaço...Adolescência é fascinador para se estudar. E por fim, PARABÉNS PELO ÓTIMO TEXTO!!!

Unknown disse...

Acredito que atitudes como esta de Justin Bieber, caracterizam as atitudes de rebeldia dos adolescentes (como estudamos com Patrícia. Onde o adolescente porta-se de tal não somente pela transgressão, busca de identidade, mas também como um grito de socorro. Este grito causado muitas vezes por discursos como esse do redator da veja. Que colocou o astro teen como incapaz, limitado, infantil.
Lamentável o fato de tal discurso ser tão propagado, cujo é formador de opiniões, veiculador de informações, assim, passando esta ideia de incapacidade dos adolescentes.
Enquanto essa visão de muitos adultos não modificar-se, haverão tantos outros "Justin Biebers" tentando provar para si e para o próximo, que já são maduros, já conseguem ter o dito "comportamento de um roqueiro adulto". E claro, serão incompreendidos e julgados, como ele foi.

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