A crise adolescente
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Capa do filme 'Confissões de uma adolescente em crise' |
A fase da adolescência é uma das mais difíceis de ser
vivenciada tanto para os jovens como para os pais. Aliás, essa é uma temática
defendida pela autora Sônia Alberti em seu livro “O Adolescente e o Outro”
(Zahar) para quem gosta de psicanálise e deseja aprofundar-se de forma teórica
no tema. A adolescência, é muitas vezes vista de forma tão complicada que é popularmente
chamada de “aborrecencia”.
Essa é a fase onde
os jovens entram em crise com a construção de sua personalidade. É aquela
famosa fase em que se olham no espelho e perguntam-se: “Quem sou eu?”
E os Titãs resolveram
até fazer música com essa fase de mudanças ao compor “Não vou me adaptar” que
de forma poética e clara traz a tona conflitos comuns a todos nessa fase de
transição.
“Eu
não caibo mais nas roupas que eu cabia,
Eu
não encho mais a casa de alegria.
Os
anos se passaram enquanto eu dormia
[...]
Eu
não tenho mais a cara que eu tinha,
No
espelho essa cara já não é minha.
Mas
é que quando eu me toquei, achei tão estranho,
A
minha barba estava desse tamanho.”
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cena do filme 'Confissões de uma adolescente em crise' |
Nesse período alguns jovens começam a ficar rebeldes,
revoltados, e acham que podem fazer tudo o que quiserem, sem o consentimento
dos pais ou de um adulto. Acham-se donos de si quando na verdade nem sabem quem
são de fato. É o famoso grito do “NÃO VOU ME ADAPTAR!” . Com isso surgem às
implicações entre os adolescentes e seus pais, como nos diz Aberastury e Knobel
em seu livro Adolescência Normal (Artmed).
“As mudanças psicológicas
que se produzem neste período, e que são a correlação de mudanças corporais,
leva a uma nova relação com os pais e com o mundo. Isto só é possível quando se
elabora, lenta e dolorosamente, o luto pelo corpo de criança, pela identidade
infantil e pela relação com os pais da infância”.
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Esse ultimo fragmento citado acima é cheio de
significados implícitos que quando aplicados a realidade prática ganha vida de
forma colossal. Sabe quando estávamos discutindo que os adolescentes são
geralmente rebeldes. Revoltam-se contra os pais... Você conhece algum desse
tipo? Seu irmão? Seu vizinho? Ah, você?! Segundo esse fragmento da psicanalista
Sonia Albertini, essas atitudes “rebeldes” são para chamar a atenção dos pais para que eles possam voltar para junto do
adolescente. Uma vez que se afastaram ao sentirem que suas intervenções não
tinha mais espaço. E quando eles chegarem junto. Quando eles notarem esse
adolescente, vão levar um “chega pra lá”. Vão ser deixados!
Soa estranho essa
última colocação não é? Mais é isso mesmo! (Em termos psicanalíticos). Essa
simplória explanação sobre deixar os pais. Ter essa necessidade de desligar-se
deles. Chamar para depois mandar embora, tem seu embasamento inicial no texto
“Três ensaios sobre a teoria da sexualidade” de Sigmun Freud. Onde ele na parte
‘As transformações da Puberdade’ vai falar que a maior conquista para o
adolescente é o desligamento da autoridade dos pais. Mas por quê é preciso esse
desligamento? Por causa da barreira do incesto. Que impede que os filhos tenham
os pais para si. E já que não o podem precisam satisfazer esse desejo de outra
forma. E para tal, é preciso afastar-se de seu objeto de desejo, para o
re-simbolizar.
A sociedade exige que o sujeito para entrar na fase
adulta, seja autônomo. Tenha sua própria identidade. Seja independente. E caso
isso não ocorra estarão para sempre a sua margem. Não encontrarão espaço. Serão
um ser infantil em um corpo adulto. Um ser que não tem autonomia em suas
atitudes e que não consegue tomar conta da própria vida. Só pra exemplificar o
que tô tendo dizer, sabe aquele ‘carinha’ ou garota que é indeciso, que não
sabe o que quer. É um (a) ‘maria vai com as outras’, por exemplo? Ou que não dá
um passo se quer sem que a mãe diga por onde ir? Pois é. Esse é um exemplo
claro de um sujeito que não desligou-se da autoridade dos pai e são incluídos
no grupo dos popularmente conhecidos ‘adultocentes’.
Bom gente, e no próximo poster continuaremos a discussão!
E pra finalizar fiquem aí ao som dos Titãs com a música
citada aqui no nosso texto ‘Não vou me adaptar’.
Beijos!
Yara Patrícia e Elitânia Silva
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