> CausAÇÃO: A única certeza que temos sobre à vida é a própria morte.

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A única certeza que temos sobre à vida é a própria morte.

"De vez em quando a eternidade sai do teu interior e a contingência substitui-a com o seu pânico. São os amigos e conhecidos que vão desaparecendo e deixam um vazio irrespirável. Não é a sua 'falta' que falta, é o desmentido de que tu não morres.- Ferreira , Vergílio.


O campo que estuda à morte é a tanatologia. Thanatos é a entidade masculina representativa da morte. Irmão do sono. Falar sobre morte para algumas pessoas causa medo, arrepios, angústia e tantos outros sentimentos que surgem como forma de afastar o nome (morte) e o fato de morrer. Mas, porque isso nos afeta e nos causa medo? Uma das respostas seria o entendimento de que a única certeza que temos sobre a vida é a própria morte. Esse saber angustia o homem. Traz consigo muitas incertezas,verdades e inverdades, indagações sobre a passagem da vida como sendo um rio que acaba quando se entrega ao mar. Ou seja, uma passagem, algo que deixa de ser quando chega ao seu destino final. A metáfora do rio se encaixa nesse processo de existência humana. Nascemos, percorremos um longo caminho e deixamos à vida dar lugar à morte.
 O entendimento sobre à morte é diferenciado em diversas religiões, países e/ou povos.  Segundo Kovács (1998): “O medo é a resposta mais comum diante da morte. O medo de morrer é universal e atinge todos os seres humanos, independente da idade, sexo, nível socioeconômico e religião.” Diante da morte muitos outros sentimentos são evocados e, como consequência, acabam tomando o homem em processo de luto, melancolia, dor e tristeza. 
"Estamos entregues a nós mesmos e somos aquilo que nos tornamos." Heidegger
Na obra Ser e Tempo, Heidegger diz que: "A morte é, em última instância, a possibilidade da impossibilidade pura e simples de ser aí [da sein]. Desse modo, a morte desvela-se como a possibilidade mais própria, irremissível e insuperável." A morte faz parte do processo de viver. Na compreensão da existência, morrer está ligado ao viver e, não há como excluir esse processo que é inerente ao homem.

Para Freud: “Nós criaturas civilizadas tendemos a ignorar a morte como parte da vida...no fundo ninguém acredita na própria morte, nem consegue imaginá-la. Uma convenção inexplícita faz tratar com reservas a morte do próximo. Enfatizamos sempre o acaso: acidente, infecção, etc., num esforço de subtrair o caráter necessário da morte. Essa desatenção empobrece a vida...” Imaginar a morte do outro vai ser sempre mais fácil do que imaginar a nossa própria morte. O espelho que reflete nosso rosto não é capaz de nos mostrar nossa totalidade. O ser interior não morre, o que morre é o ser exterior. No final o medo é o que nos move. Morrer para o mundo é uma negação. A sociedade esconde os seus mortes,tira-os de suas casas e velam seus corpos em lugares distantes de sua morada. Morrer é proibido. A cultura atual prega que a morte é algo que não merece preocupação e que os sujeitos vivam incessantemente,arrisquem, pulem de bang jump, cometam suas maiores loucuras, pois à morte já morreu.

Sobre o Autor:
Alberis Luís Estudante de Psicologia da UNIFAVIP. Poeta nas madrugas, fã de Belchior, Game of Thrones e Fernando Pessoa. Sempre preciso dormir mais do que o necessário, caso contrário, meu humor passa a ser afetado. Frase favorita: "Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido." Fernando Pessoa.

1 Comentário:

Unknown disse...

Compreendo que a morte passou a ser banida do cenário social pelo fato do indivíduo impossibilitar-se da ideia de finitude. Como Alberis bem colocou "ninguém acredita na própria morte".
Fazendo alusão ao texto "Adeus ao corpo" de David Lebreton, onde discute-se o posicionamento do sujeito enquanto senhorio de si, capaz de autotransformar-se, sempre através da própria vontade.
Logo, poderia esse senhorio de si assumir-se como findo? A mercê do destino? Da vida? Ou da própria morte?
Acredito que este é um dos inúmeros fatores para que a morte passe a não existir.
Ótimo texto, parabéns!

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